“Este ano, quero paz no meu coração. Quem quiser ter um amigo, que me dê a mão. O tempo passa, e com ele caminhamos todos juntos, sem parar. Nossos passos pelo chão, vão ficar./ Marcas do que se foi, sonhos que vamos ter; como todo dia nasce novo em cada amanhecer”/.
No embalo deste canto, iniciamos o ano novo de 2015, dedicado à construção da Paz, sem violência, com nossas famílias e comunidades caminhando juntas, sem parar, movidas de muita FÉ e ESPERANÇA.
Muitas vezes, durante o ano 2014, ouvi pessoas manifestando suas preocupações com a “SECA DO 15”. Tudo leva a crer que a experiência vivida há um século (1915) foi, realmente, traumatizante. E fatos e mais fatos comprovam isto. Mas, como diz a música, “marcas do que se foi, sonhos que vamos ter, como todo dia nasce novo em cada amanhecer”, queremos continuar caminhando neste ano de 2015, não sob o medo nem a ameaça de um acontecimento do passado, mas sob o signo da ESPERANÇA, afinal, somos “povo da esperança que caminha rumo ao Pai”. E, os sinais do bom “inverno”, se não dos melhores, estão por toda a parte e esperamos que continue.
O Salmo 143(144), nos versículos 12 – 15, canta a esperança do Povo de Israel com estas palavras: Que nossos filhos, quais plantas viçosas, cresçam sadios, e fortes floresçam! As nossas filhas, colunas robustas que um artista esculpiu para o templo. Nossos celeiros transbordem de cheios, abastecidos de todos os frutos! Nossas ovelhas em muitos milhares se multipliquem nas nossas campinas! O nosso gado também seja gordo! Não haja brecha em nossas muralhas, nem desterro ou gemido nas praças! Feliz o povo a quem isto acontece, e que tem o Senhor por seu Deus”!
A contemplação desta imagem do Salmo, descrevendo a esperança do Povo de Israel, que vivia numa situação de aridez no deserto, faz-me pensar na situação de nossa gente que, na sua convivência com a realidade do semiárido nordestino, não deixa de sonhar, lutar e acreditar, pela força da fé, em dias melhores.
SONHO, ESPERANÇA, PAZ, JUSTIÇA, AMOR e FÉ, mais do que palavras, estas são atitudes que queremos cultivar ao longo deste ano da Paz.
O Ano de 2015 é também dedicado aos Consagrados e Consagradas. O Papa Francisco afirmou que a radicalidade no seguimento a Jesus Cristo é pedida a todos os cristãos, mas os religiosos(as) são chamados a seguir o Senhor de uma forma especial. “Eles são homens e mulheres que podem acordar o mundo. A vida consagrada é uma profecia”. O objetivo deste Ano da Vida Consagrada é ajudar a formar religiosos, consagrados, que tenham um coração terno e não ácido como vinagre”, alertou o papa.
O Ano da Vida Consagrada é também uma oportunidade para fazer refletir nossas famílias e comunidades sobre o compromisso de rezar e trabalhar pelo surgimento das vocações sacerdotais e religiosas. Meu agradecimento ao Grupo “Mãos Unidas pelas Vocações” que já assume este compromisso em nossa diocese e a cada religioso(a), sacerdote, diácono e leigo(a) consagrado(a) que vive a radicalidade do seguimento de Jesus, nesta Igreja de Crateús e na Igreja de Cristo pela terra.
Na última Assembleia Geral da CNBB, de 14 a 24 de abril deste ano, foi retomada a discussão sobre a vocação dos “Cristãos Leigos e Leigas, Sujeitos na Igreja e na Sociedade – Sal da Terra e Luz do Mundo”. O texto, em elaboração, nos lembra que, “nós somos chamados a viver o seguimento a Jesus Cristo em nosso dia a dia na família, na comunidade eclesial, no local de residência e trabalho profissional, na participação em organismos da sociedade civil, como sinal de nossa colaboração na construção de uma sociedade justa, solidária e pacifica rumo ao Reino definitivo… Esta índole secular caracteriza especialmente os leigos”. Eles “vivem no século, isto é, em todos e em cada um dos ofícios e trabalhos do mundo. Vivem nas condições ordinárias da vida familiar e social, pelas quais sua existência é como que tecida” (LG, n. 31). Portanto, estar nas realidades temporais é também ser Igreja! A Christifidelis Laici afirma claramente que este “estar” não é uma realidade apenas sociológica ou econômica, ela é uma “realidade teológica e eclesial, pois é aí que Deus manifesta o seu plano e comunica a vocação de procurar o Reino de Deus” (ChL, n.15).
Na força da ESPERANÇA, no compromisso pela PAZ e no Serviço à Sociedade (CF 2015), em comunhão com os irmãos e irmãs de Vida Consagrada, com nossos inúmeros leigos e leigas, que animam nossas comunidades e testemunham sua fé entre as realidades do mundo, queremos prosseguir na nossa caminhada de fé, com muito ânimo nas Pastorais, Movimentos e Associações, sempre inspirados nos ensinamentos do Concílio Vaticano II, do qual celebramos os 50 anos de seu encerramento. Que o entusiasmo pessoal, a criatividade missionária e evangelizadora, a paz nas famílias e comunidades, o trabalho sério, honesto e testemunhal nas administrações públicas, as oportunidades para as juventudes, a alegria para nossas crianças, o carinho e atenção aos idosos e doentes, o tratamento digno para os encarcerados, a diminuição da violência no trânsito, sejam marcas deste Ano da Paz, com vida mais digna para todos.
Assista-nos Maria, Mãe da Igreja, cujo mês de maio a ela dedicado é celebrado com toda a devoção pelo nosso povo; alegremo-nos com a beatificação de Dom Oscar Romero, no próximo dia 23 de maio. Ele assumiu uma postura de defesa dos índios, pobres e perseguidos políticos pelas milícias paramilitares de El Salvador. Semanas antes de sua morte, Monsenhor Romero intensificou as denúncias contra o governo salvadorenho e militares por violações aos direitos humanos no país; alegre-nos também a proclamação como “Servo de Deus” de nosso querido Dom Hélder Câmara, cujo processo de beatificação segue firme;.acompanhe-nos ainda, e nos anime o testemunho dos santos Antônio, João Batista, Pedro e Paulo, celebrados no mês de junho, sempre acompanhado de muita alegria.
Com o meu afetuoso abraço e a bênção do pastor,
Dom Ailton Menegussi