Bispos ressaltam importância do leigo na vida da sociedade
Arcebispo de Mariana e bispo de Campos apresentaram temáticas da 54ª AG à imprensa
O arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha, e o bispo de Campos (RJ), dom Roberto Francisco Ferrería Paz, concederam entrevista coletiva à imprensa na tarde deste primeiro dia da 54ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Neste momento com os jornalistas, os prelados apresentaram as atividades realizadas na sessão matutina do encontro e assuntos que constam da programação.
Dom Geraldo Lyrio Rocha destacou que a 54ª AG se reveste de elementos de “grande interesse da vida interna da Igreja e da sociedade brasileira, especialmente neste momento tão delicado, da conjuntura social, econômica, política do nosso país”, destacando que o tema central, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da terra e luz do mundo”, é uma espécie de resposta ao desafio enfrentado pela Igreja na sociedade.
“Claro que nós, os pastores, temos muito a dizer à sociedade, temos uma missão muito específica no interior da Igreja, entretanto, não podemos nos esquecer que, se é importante a presença do leigo na vida da Igreja, importantíssima é a sua presença e atuação na sociedade. E na conjuntura em que nós estamos vivendo, são os leigos e leigas que certamente vão trazer a contribuição específica dos cristãos para o nosso país”, observou dom Geraldo.
Dom Roberto Ferrería Paz destacou as motivações para o tema central. O Concílio Vaticano II, que mostrou o papel do Laicato, os 25 anos da encíclica de são João Paulo II, Christifideles laici, e agora, basicamente [a exortação apostólica] Evangelii Gaudium, uma Igreja em saída. “Então, se propõe um laicato que seja sujeito, um laicato em saída e que tenha protagonismo na Igreja e na evangelização”, afirmou.
O arcebispo de Mariana também falou sobre a preparação do terceiro volume da série “Pensando o Brasil”, que abordará as eleições municipais deste ano. O texto apresenta, de acordo com dom Geraldo, como os bispos pensam o País e que contribuição podem oferecer dentro daquilo que é da competência específica da Igreja e também diz respeito direto aos pastores.
Em sua fala, o bispo de Campos, que está no grupo que prepara o texto sobre as eleições, também lamentou o acirramento da violência e da intolerância “bastante polarizada ou radicalizada na política, especialmente no âmbito da internet e das redes sociais”. Dom Ferrería Paz contou que há um temor que no processo eleitoral haja, “com todo este panorama, de descrédito ou às vezes de acusação leviana de toda a classe política, um absentismo eleitoral bastante volumoso, expresso em voto em branco e voto nulo”. O bispo considera necessário o reencantamento pela política e o resgate da participação dos cristãos no âmbito municipal.
Preocupações
Entre as temáticas que serão abordadas durante a 54ª AG da CNBB, os entrevistados citaram a preocupação do episcopado com as alterações no quadro religioso do Brasil, suas causas e componentes deste processo; a questão indígena no Brasil, com as dificuldades na demarcação de terras; e a conjuntura nacional, sobre a qual será divulgada uma declaração da Assembleia a respeito.
Os bispos que atenderam a imprensa também deram destaque à apresentação da declaração conjunta da Comissão Bilateral da Igreja Católica e da Igreja Luterana sobre os 500 anos da Reforma Protestante “Do conflito à comunhão”.
Programação
Dentro da programação da 54ª AG, alguns temas ainda foram abordados pelos bispos. Previamente, citaram reflexão sobre a encíclica do papa Francisco Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum e sobre o Jubileu da Misericórdia; a preparação para o Jubileu dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida e para o XVII Congresso Eucarístico, que acontecerá em Belém (PA), no mês de agosto; comunicações sobre os jogos olímpicos e paraolímpicos do Rio de Janeiro; e um Vade Macum sobre o processo de nulidade matrimonial.
Fonte: CNBB