5 de outubro de 2024

Formação dos novos padres e música litúrgica na pauta dos bispos

Liturgia e formação dos padres impõem reflexões aos bispos nesta quinta, segundo dia da Assembleia Geral da CNBB.

Os mais de 400 bispos reunidos para a 56ª Assembleia Geral discutiram nesta quinta-feira (12) sobre o tema central deste encontro anual: os desafios da formação dos novos padres. Além deste assunto, os bispos também trataram sobre a música litúrgica.

A formação dos padres repercute nesse ano, em vista da necessidade de atualização das diretrizes em vigor, aprovadas em 2010. Essa atualização é motivada especialmente pelo magistério do Papa Francisco e pela publicação pela Congregação para o Clero do documento, ‘O dom da vocação presbiteral’, que constitui a chamada Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, que atualiza orientações para formação dos novos presbíteros.

Esses temas como de costume tomaram a fala dos bispos durante a coletiva de imprensa realizada nesta tarde.

Dom Pedro Brito Guimarães, membro da equipe de elaboração do texto sobre o tema central, falou que a discussão sobre a atualização das diretrizes ocorre há mais de um ano e têm movimentado bispos, padres e formadores nessa discussão.

O documento em questão, que ainda é um texto de trabalho, passa pela assembleia e depois segue para aprovação do Vaticano e por fim, a publicação no Brasil. A expectativa é que isso ocorra até o segundo semestre de 2018.

“É um trabalho muito bonito que a gente faz em conjunto, todos colaboram e certamente essas diretrizes terão um rosto da preocupação da Igreja no mundo de hoje”. Dom Pedro, e também os demais bispos, entendem que é preciso analisar a realidade atual onde o secularismo, o laicismo, a indiferença religiosa, a dispersão e a sociedade líquida, e outras tantas realidades implicam na formação daqueles que vão guiar o povo de Deus.

O arcebispo informou ainda que além do texto, os bispos tiveram acesso a uma pesquisa inédita que traça um perfil do padre brasileiro nas mais diversas realidades de sua vida e vocação.

A pesquisa foi realizada em 2014, e dos 22 mil padres existentes no país, alcançou 7 mil. “Nós agora temos um banco de dados da Igreja, para que quando quisermos estudar uma dimensão do sacerdote temos dados oficiais para essa finalidade”, pontuou.

Dom Armando Bucciol, presidente para a Comissão da Liturgia, destacou que os temas sobre a Liturgia são de grande interesse na Assembleia e por isso, a Comissão tem um grande trabalho à sua frente.

Entre os temas que a Comissão deve apresentar para os bispos, Dom Armando citou a penúltima revisão do Missal Romano, que já soma mais de 11 anos de trabalho, e que agora traz a atualização de inúmeras orações e antífonas das Missas Comuns e para as Diversas Necessidades, que atualizadas e fiéis ao latim sejam mais compreensíveis ao povo brasileiro.

Nessa assembleia, a Comissão traz ainda o tema da música litúrgica para ajudar todos os atores da Liturgia, incluindo músicos a compreenderem o sentido dos diferentes momentos do rito e os critérios para a escolha dos cantos. “É uma questão complexa”, enfatiza o bispo, “Pede competência não só musical, mas também litúrgica, cultural e espiritual”, para ser uma “música que vise e favoreça o encontro com Deus e uma experiência não só emocional, mas que anime e transforme a pessoa que vive o momento litúrgico”, assinalou.

Por último, o bispo contou que a Comissão também trouxe uma reflexão sobre o tema: Liturgia e Evangelização. Entre os diversos pontos desse assunto, Dom Armando destacou a forma como deve ser vivenciada a Liturgia, sem o que ele chamou de “criatividade selvagem”.

“Quem vive a liturgia animado e iluminado pela presença e força do Espírito, com certeza não precisa procurar expressões do que eu chamo de ‘criatividade selvagem’. Basta viver com intensidade e autenticidade a nobre beleza do rito da Liturgia Latina que adotamos. Eu faço votos que todos que presidem as celebrações compreendam e vivam o que a Liturgia lhe entrega”, enfatizou.

arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, trouxe para a coletiva a mensagem que a Assembleia Geral deste ano enviará ao Papa Francisco.

Dom Orani leu a carta aos jornalistas, onde indica ao Santo Padre as reflexões e preocupações dos bispos.

“Dentro da carta estão explicitados tanto temas da nossa assembleia, como também do Santo Padre e a nossa comunhão e a nossa unidade com o Papa Francisco”.

Segundo dia – Neste dia os bispos tiveram uma sessão privativa, na qual tiveram acesso ao texto de trabalho do tema central e num segundo momento, em grupos, debateram o documento. No período da tarde, a assembleia continuou reunida para novas reflexões sobre o texto e ainda sobre questões relativas à Liturgia.

Na sexta-feira os bispos iniciam o dia com a Santa Missa, às 7h30, no Altar Central e depois seguem para o Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida para as discussões diversas.

Fonte: a12.com