Após terminar 2019 dando graças a Deus pelo dom do tempo e por todos os seus benefícios, “começamos 2020 com a mesma atitude de gratidão e louvor”, afirmou o Papa Francisco na oração do Ângelus desta quarta-feira, 1º de janeiro, quando a Igreja celebrou a Solenidade de Maria, Mãe de Deus. Na ocasião, o Papa refletia sobre a salvação trazida ao mundo por Jesus, uma salvação “paciente”, e aproveitou para pedir desculpas “pelo mau exemplo”, referindo-se ao episódio da noite anterior, quando se aborreceu ao ser puxado com força por uma mulher, na praça São Pedro.
“Jesus não tirou o mal do mundo, mas derrotou-o pela raiz. A sua salvação não é mágica, mas é uma salvação ‘paciente’, ou seja, envolve a paciência do amor, que assume a iniquidade e lhe tira o poder. A paciência do amor: o amor torna-nos pacientes. Muitas vezes perdemos a paciência; eu também, e peço desculpa pelo mau exemplo de ontem. Por isso, contemplando o Presépio, vemos, com os olhos da fé, o mundo renovado, livre do domínio do mal e colocado sob o senhorio real de Cristo, o Menino deitado na manjedoura”, disse o Papa Francisco.
O padre jesuíta Antonio Spadaro, diretor da revista Civiltà Cattolica, escreveu um artigo no qual recorda que o Papa Francisco passou por situação semelhante diante dos fiéis, mesmo sem colocar “barreiras” entre si e o povo. Em 2016, no México, foi puxado e perdeu o equilíbrio a ponto de quase cair em cima de um garoto em cadeira de rodas. A reação foi uma chamada de atenção enérgica à pessoa: “Não seja egoísta!”.
No caso mais recente, na noite do dia 31, uma mulher agarrou a mão de Francisco, o puxou e não soltava sua mão, fazendo-o perder o equilíbrio e a paciência. “Aqui ele realmente perdeu a paciência, também devido à própria percepção humana de ser arrastado pelo chão. Se isso revela a humanidade de uma pessoa como Francisco, que se expõe e reage como qualquer um de nós teria feito, na realidade o que me impressiona é outra coisa. O papa pediu desculpas”, escreveu Spadaro.
Segundo o sacerdote italiano, Francisco percebeu que não dava um bom exemplo de paciência, ao pedir desculpas neste primeiro dia do ano. “O papa, que reage com raiva e pede desculpas a todos por não ter dado um bom exemplo, me ajuda a entender do que é feita a vida cristã todos os dias. E quais são seus pequenos grandes desafios”.