4 de outubro de 2024

EXPOSIÇÃO INCRA 53 ANOS

A superintendência do INCRA no Ceará convida para a sessão solene em comemoração aos 53 anos da autarquia. Após a sessão solene haverá abertura da “Exposição INCRA 53 anos” para visitação.

Data:10/07/23 (Segunda-Feira)

Horário: 9 horas

Local: Plenário 13 de Maio. Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Av. Desembargador Moreira, 2807 – Dionísio Torres)

DOM FRAGOSO, A IGREJA DE CRATEÚS, E A REFORMA AGRÁRIA
Filho de pequenos agricultores sem-terra, Dom Antônio Batista Fragoso nasceu no dia dos Direitos Humanos, aos 10 de dezembro de 1920, em Teixeira – PB, no sítio Riacho Verde. Ainda adolescente entrou no seminário, onde pagou seus estudos, trabalhando como porteiro e dando aulas. Ordenado padre em 1944, foi Assistente do Círculo Operário de João Pessoa e da JOC – Juventude Operária Católica do Nordeste. Ordenado bispo aos 37 anos, foi para São Luiz do Maranhão, como Bispo Auxiliar. Participou do Concílio Vaticano II, de 1962 a 1965, onde assinou seu compromisso com os pobres, no Pacto das Catacumbas. Foi nomeado Bispo da nova diocese – Crateús, aos 09 agosto de 1964, poucos meses depois do golpe militar no Brasil. No dia da posse, disse para o governador Virgílio Távora: “Meu trabalho é, fundamentalmente, o de educador da consciência, à luz da fé, para que a comunidade cristã assuma, com ou outros, os serviços necessários”. Permaneceu em Crateús até 25 de maio de 1998. Dom Fragoso tinha os pés firmemente enraizados no sertão de Crateús e dos Inhamuns, mas, ao mesmo tempo, acompanhava ativamente as buscas de libertação da Pátria Grande Latino-Americana e mantinha comunhão com as igrejas pobres da África e da Índia. Foi militante dos Direitos Humanos, junto ao Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, da fundação SERPAJ-AL e fundou juntamente com Padre Alfredinho, a Irmandade do Servo Sofredor, junto ao povo dos excluídos.


UMA BREVE CRONOLOGIA
Desde os primeiros tempos em Crateús Dom Fragoso suscitou o nascimento de muitas organizações populares e de Assessoria: o MEB, a JAC (Juventude Agrária Católica), o NINHO (para atender as vítimas da prostituição), a Equipe de Educação Política, de Promoção da Mulher, de Alfabetização e Conscientização, de Promoção Humana, a Cáritas…

  • 1967-72: Paulette Rippert anima uma Equipe Sindical e, em poucos anos, são fundados os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais em 10 municípios da diocese. O primeiro foi o de Ipueiras.
  • Uma das primeiras atitudes do Bispo, foi a devolução das terras do Patrimônio Diocesano da Matriz de São Gonçalo e da Fazenda Betânia às famílias camponesas e a criação da Cooperativa, com participação ativa das mulheres, em Matriz de São Gonçalo – Ipueiras.
  • 1971-1973: Tempo de perseguição sistemática à diocese, com a expulsão do pároco de Tauá, Pe. José Pedandola, a prisão de Luiza Camurça, de Pe. Eliésio, de Pe. Geraldinho, de líderes sindicais de Tauá, Parambu, Poranga… tanto que foi criado um fundo de Libertação dos Presos. O mesmo Dom Fragoso foi ameaçado de prisão e a Câmara dos Vereadores de Crateús o declarou “pessoa não grata”.
  • 1972: As CEBs. Dom Fragoso apresenta ao convênio de Nemi, na Itália, a experiência das CEBs em Crateús; em 1975 a CEB da serra de São Domingo, em Tauá é uma das 7 comunidades apresentadas no 1º Encontro em Vitória ES. Em 1982 iniciam os grandes Encontros diocesanos das CEBs.
  • 1974: na grande enchente do Rio Poti que inundou grande parte de Crateús, foram construídas casas em mutirão, no patrimônio da Paróquia.
  • 1975: Fundação da CPT. A primeira equipe de Assessoria da CPT de Crateús contou com Pe. Vicente Mourão que, anos depois, coordenou o Projeto São Vicente na SUDENE, Ir. Jane, companheira de Ir. Dorothy em Anapu, e Ir. Ailce que animou as lutas de Parambu e Novo Oriente. Dom Fragoso foi o 1º Presidente da CPT do Ceará.
  • 1977: Conflito dos colonos da Várzea do Boi com o Exército Brasileiro que administrava o Projeto de Irrigação.
  • 1979-1983: A Grande Seca.: Pe. Alfredinho trabalha na Frente de Serviço e faz abrir as portas das casas, para que fossem acolhidos os famintos que ocuparam a cidade de Crateús.
  • 1985: Os posseiros da serra entre Parambu e Pimenteiras – PI, contrastam o avanço da invasão das firmas de caju e libertam 13.000 ha. Dom Fragoso se faz presente nas horas mais quentes da luta. As vitórias de Parambu motivaram os posseiros de Novo Oriente a defender as terras do Quadrão.
  • 1984: Uma delegação da CPT de Crateús, trabalhadores e agentes, participa da Fundação do MST, em Cascavel – PR.
  • 1986: 1º Encontro das Área de Conflitos e Assentamentos. Em 2019 é realizado o 34º Encontro, em Orange – Mons Tabosa e, para este ano, está previsto o 35º Encontro no assentamento Monte Alegre – Tamboril para o mês… são realizadas na diocese de Crateús.
    1987: Irmã Abigail firma o trabalho com os quilombos e a “Consciência negra”, Irmã Margarete com os grupos de “Raízes Indígenas” e Pe. Eliésio com os ciganos.
    1987: Apoio à candidatura de um trabalhador rural para a Constituinte, na defesa da Reforma Agrária
    1988: A diocese de Crateús faz uma grande campanha para recolher assinaturas para a Reforma Agrária
    1995: 7ª Romaria da Terra em Crateús. 10.000 trabalhadores e trabalhadoras cantam “terra livre, água livre o sertão florescerá

1984: Uma delegação da CPT de Crateús, trabalhadores e agentes, participa da Fundação do MST, em Cascavel – PR.
1986: 1º Encontro das Área de Conflitos e Assentamentos. Em 2019 foi realizado o 34º Encontro, em Orange – Mons. Tabosa e, para este ano (2023), está previsto o 35º Encontro no Assentamento Monte Alegre – Tamboril. Todos foram realizados na Diocese de Crateús.
Dom Fragoso sonhou e buscou dar passos para a Igreja de Crateús se tornar “popular e libertadora”, com o povo como protagonista, assumindo o compromisso com a formação de agentes de transformação: Escolas Populares, Escolas Camponesas, Escolas Sindicais, EFA, Educação Contextualizada… Nestes espaços se formaram militantes das CEBs, das Pastorais Sociais, dos Sindicatos, pessoas que assumiram responsabilidades nos Movimentos Populares, no MST, nas administrações municipais, na política..

  • Dom Fragoso sonhou e buscou dar passos para a Igreja de Crateús se tornar “popular e libertadora”, com o povo como protagonista, assumindo o compromisso com a formação de agentes de transformação: Escolas Populares, Escolas Camponesas, Escolas Sindicais, EFA, Educação Contextualizada… Nestes espaços se formaram militantes das CEBs, das Pastorais Sociais, dos Sindicatos, pessoas que assumiram responsabilidades nos Movimentos Populares, no MST, nas administrações municipais, na política…
    A EFA da nossa região e um assentamento de Crateús são dedicadas a Dom Fragoso. Dom Pedro Casaldáliga, quando recebeu a notícia da morte de Dom Fragoso, o lembrou com estas palavras: “Um homem de Deus e do povo. Um pastor integralmente evangélico. Com uma sensibilidade pastoral extraordinária. Formado e informado sempre. Discreto, humilde, fidelíssimo. Um bispo latino-americano segundo Medellín, segundo o coração do Deus de Jesus. Para mim mais do que um amigo e um irmão.”