4 de outubro de 2024

Culminância da Campanha da Fraternidade 2023

Fraternidade e Fome “Dai-lhes vós mesmo de comer”

~Por Antônio Ruan Cordeiro de Oliveira

No último dia 30 de agosto, aconteceu, na Paróquia Senhor do Bonfim, a culminância da CF 2023. Várias pastorais, movimentos religiosos e escolas apresentaram, em forma de amostra cultural, as reflexões e obras caritativos feitas durante a campanha deste ano.

Como forma de expandir as reflexões e amostras feitas naquela ocasião, exporemos aqui algumas das apresentações em forma de imagens, crônicas e fotos.

Crônica do aluno Maycon Rosa, Escola Gaspar Dutra: E POR FALAR EM LUTA: Olha eu aqui!

Uma vez Belchior disse-me: “Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes, vindo do interior”. E eu, menino pobre do sertão, fiquei a cismar que somos iguais na letra e na sina. As oportunidades que me rodeiam são compradas por moedas valiosas e raras, moedas que só aparecem em bolso de bacana. No entanto, os discursos teimam em lembrar que o mundo está aos meus pés e que basta eu querer.

Ah! Eu quero tanta coisa, meu Deus!

Quando criança, guardei meus desejos… vontades… no pensamento. Hoje, seguem na lembrança, coisas não vividas. Na primavera que agora vivo, já rapaz, quase um homem feito, eu continuo querendo e desejando uma infinidade de coisas. Na verdade, eu não, mas o meu coração que insiste em acreditar.

Os homens que constroem o mundo do qual faço parte (constroem?) dizem que eu preciso me esforçar.

Há dias em que eu vou para escola sem o despertar do café preto e sem a sustança do pão quentinho, talvez isso seja esforço! Outro dia, o meu jeans ficou sem condição de uso e eu dei minhas cambalhotas para conseguir uma calça nova, quem sabe isso também não faça parte das pelejas da vida?

Vozes ecoam: Menino, estuda! Esse mundo é todo seu!

Ser médico, ser advogado, professor, mestre de obra, porteiro… Ser gente, ser do bem, ser bacana, ser humano. Com quantos sistemas educacionais? Com quantas escolas? Com quantos professores se faz um ser humano melhor?

Mas as vozes não sabem de nada, elas não sabem o que dizem.

O meu mundo é de perrengue! Esses dias, mamãe adoeceu e só ficou boa porque Deus quis. Deus quer tanta coisa, não é mesmo? Meus irmãos vivem pedindo biscoito, os biscoitos se disfarçam de farinha, a farinha, às vezes, se disfarça de nada.

Existem alguns dias em que o sol também brilha e eu esqueço os meus problemas jogando bola com os moleques da rua. Em outros dias, a realidade dura é colorida por algum filme que eu gosto de assistir. Às vezes, passeio e deixo a cabeça mais leve.

Contudo, há uma atividade diária que não deixa a minha esperança morrer: Todos os dias eu vou à escola!

Na minha mochila eu carrego a honestidade, mesmo que o mundo esteja cheio de injustiça;

Na minha mochila eu levo amor, mesmo que os homens façam guerras;

Na minha mochila há irmandade, mesmo que a palavra “empatia” esteja apenas enfeitando discursos;

Na minha mochila eu levo prosperidade, mesmo que falte o pão na mesa dos pobres.

Eu carrego comigo a minha mochila e a esperança em dias melhores.

Pintura em Tela, de Eduardo Sales Nunes, Escola Gaspar Dutra.

Desenho Mundo/Criança com fome, de Yuri Teixeira Vieira, Escola Gaspar Dutra.

Os alunos do ensino fundamental da escola Vilebaldo Martins apresentaram uma poesia de Brálio Bessa:

Eu procurei entender

qual a receita da fome,

quais são seus ingredientes,

a origem do seu nome.

Entender também por que

falta tanto o “de comê”,

se todo mundo é igual,

chega a dar um calafrio

saber que o prato vazio

é o prato principal.

(Termine a poesia acessando: https://www.tudoepoema.com.br/braulio-bessa-fome/)